segunda-feira, 28 de março de 2011

Poder Mudar

Você pode mudar. Você pode perceber que os outros podem mudar. Você pode ter a ilusão de que mudou. Você pode achar erroneamente que os outros querem mudar ou que já mudaram. Você até pode pedir que eles mudem, mas geralmente não deve. Você deve estar ciente de que eles podem mudar, mas não deve também esperar as mudanças que você deseja. Você pode se adaptar aos outros, mas você não os pode mudar.

[Peço desculpas aqui a todos que já quis ou ainda não consigo evitar querer mudar.]

segunda-feira, 21 de março de 2011

Pathos

Passível.
Passional.
Apaixonada.
Passadista.
Padecente.
Doente.
Dá na mesma.



"O Pathos da nobreza e da distância, como já disse, o duradouro, dominante sentimento global de uma elevada estirpe senhorial, em sua relação com uma estirpe baixa, com um 'sob' - eis a origem da oposição 'bom' e 'ruim' ".
(Nietzsche, GM I,2) Nietzsche - Genealogia da moral - Cia das letras (1998)

segunda-feira, 14 de março de 2011

DesPedidos

Eu quis que você me contasse cada detalhe de como foi seu dia. Mais do que isso, eu quis que você quisesse que eu soubesse como vai você. Mas isso eu nunca teria pedido.
Eu quis fazer de você meu diário e expor a você gradualmente todas as sombras do meu passado e cada segredo até então engenhosamente oculto. Mais do que isso, quis que você quisesse insaciavelmente descobrir minhas raízes. Mas isso eu nunca teria pedido.
Eu quis delegar ao seu cuidado tudo o que acreditava ser. Mais do que isso, eu quis que você quisesse que eu confiasse em você. Mas isso eu nunca teria pedido.
Eu queria esquecer você de vez. Mais do que isso, queria que essa simples idéia o horrorizasse e que você quisesse fazer de tudo para que nós não nos afastássemos. Queria pelo menos saber o que eu poderia ter feito ou deixado de fazer para que isso tivesse alguma possibilidade de acontecer. Mas nada disso eu pediria. Não poderia pedir. Não faria sentido pedir.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Oiseau Rebelle

Parece inevitável procurar em cada gesto seu significados subjacentes e, não os encontrando, anexar automaticamente os que vieram da minha mais egocêntrica imaginação.
Mesmo tendo - ou crendo ter - consciência disso, continuo estúpida e ridiculamente lutando contra o dia em que seu toque ou sua voz não me causarão mais arrepios.
E, se, como a canção diz, o amor é uma ave rebelde e indomável, me surpreende eu acreditar que no momento queira ironicamente apenas espantá-la.

quarta-feira, 9 de março de 2011

E Era uma Vez o Método Socrático...

Em uma aula introdutória de filosofia aos graduandos de primeiro ano do curso de ciências biológicas da Universidade de São Paulo, o professor conduzia um diálogo com a finalidade de evidenciar a importância do pensamento filosófico para todos, em especial biólogos. Tratava-se da diferenciação entre humanos e demais animais e das questões morais adjacentes quando o professor escolheu aleatoriamente uma aluna [Oi ;) ] a quem pretendia dirigir algumas perguntinhas socráticas:
Professor: Você tem um cachorrinho, um gatinho, algum animal de estimação?
Aluna: Sim, eu tenho uma cadela.
Professor: E você não acha horrível comer cerne de cachorrinhos, mas normal comer a carne do boizinho?
Aluna: Eu sou vegetariana.
Professor: Então se você for a um churrasco e tiverem espetinhos de boizinhos e de cachorrinhos você permanecerá indiferente?
Aluna: Sim.
Professor: Você está dizendo que ver um espetinho de Sally do lado de um espetinho de boi torrando numa churrasqueira seria normal pra você?
Aluna: Não, pela minha cachorra eu cultivei afeto. É como ver na televisão a notícia de um homicídio de um desconhecido e do seu irmão. Um homicídio qualquer pode ser chocante, mas você não vai ao velório, a emoção geralmente não passa do choque. Mas, se for seu irmão, a história é diferente.
Professor: Ok, não foi uma boa pegar você de exemplo. Alguém aqui não é vegetariano?