quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Parêntese

Um parêntese de irrealidade em meio ao caos. É essa a impressão que tive. As únicas provas que tenho de que realmente aconteceu são alguns hematomas e um vestido. E os hematomas infelizmente hão de passar logo.
Vou fazer uma lista dos nomes daqueles que conheci por uma semana como se tivesse sido por uma vida inteira. E vou esquecê-los um por um.
Não me leve a mal. É que só conheço dois jeitos de não me magoar: Não me permitir ou não me importar. E, como não consigo não me importar, decidi não me permitir, até que não consegui mais. Então resolvi procurar um terceiro jeito: esquecer.
É, no entanto, triste e injusto, reconheço. Foram, afinal, minhas melhores estupidezes. Se eu falhar em esquecer, vou ter de aprender a lidar com essas lembranças doce-amargas, apreciando-as, mas sem desejá-las de volta.
Como as palavras entre parênteses, que são dispensáveis embora atribuam novos significados ao texto, essas memórias, apesar de prazerosas, são sofridas e dificultam o entendimento da história como um todo. Por isso, esquecer é mais fácil e dói menos, mesmo que tenham sido meus mais bem cometidos erros, e mesmo que isso impeça que eu me arrependa.

sábado, 24 de dezembro de 2011

Menino, Homem, Rei, Deus

"Todo o menino quer ser homem. Todo o homem quer ser rei. Todo o rei quer ser Deus. Só Deus quis ser menino."
(Leonardo Boff)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Do que posso falar

Não posso falar do tempo porque vivi pouco.
Não posso falar sobre lugares, porque não conheço muitos.
Não posso falar de dinheiro porque não ganho o meu próprio.
Não posso falar de literatura, de história nem de eletrônicos porque não sei muito dessas coisas.
Não posso falar de política porque... Bom, na verdade, só porque a minha única opinião sólida é que nem sempre vale a pena ter uma opinião formada.

Eu poderia falar das minhas opiniões.
Eu poderia falar de mim,
como estou fazendo agora,
mas você provavelmente não estaria interessado.

Eu poderia falar de música, mas não espere muita coisa.
Eu poderia falar um pouco sobre lírios africanos
ou sobre evolução estelar
e o que significa quando dizem que somos apenas poeira de supernovas.
Eu poderia falar de medos e motivações inconscientes.
Eu poderia falar de companhia e solidão ou de leveza e peso.
Temo que às vezes pareça que não tenho do que lhe falar,
mas a verdade mesmo é que prefiro falar de você.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Querido Papai Noel,

Olha só.
Toda vez que eu peço um presente bacana o senhor não me dá. Não entremos no mérito de eu realmente merecê-los ou não, ok?
Dessa vez vou pedir uma coisa bastante simples. É, aliás, algo a que todo mundo já deveria ter direito.
Dessa vez eu peço de Natal a Verdade.
Ah, não me olha com essa cara. Por que a Verdade? Ora essa... Se já é difícil saber a verdade sobre as minhas próprias intenções, imagine quando se trata das intenções dos outros! Como podem esperar que eu tome minhas decisões, siga minha vida, sem saber sobre o que estou pisando?
Eu sei que a Verdade não anda fácil de se encontrar, eu mesma já procurei. Mas o senhor pode usar o seu exército de escravos, digo, elfos, digo, duendes, daí vai demorar menos. Que tal?
A gente se vê dia 25!
Abraz