Um parêntese de irrealidade em meio ao caos. É essa a impressão que tive. As únicas provas que tenho de que realmente aconteceu são alguns hematomas e um vestido. E os hematomas infelizmente hão de passar logo.
Vou fazer uma lista dos nomes daqueles que conheci por uma semana como se tivesse sido por uma vida inteira. E vou esquecê-los um por um.
Não me leve a mal. É que só conheço dois jeitos de não me magoar: Não me permitir ou não me importar. E, como não consigo não me importar, decidi não me permitir, até que não consegui mais. Então resolvi procurar um terceiro jeito: esquecer.
É, no entanto, triste e injusto, reconheço. Foram, afinal, minhas melhores estupidezes. Se eu falhar em esquecer, vou ter de aprender a lidar com essas lembranças doce-amargas, apreciando-as, mas sem desejá-las de volta.
Como as palavras entre parênteses, que são dispensáveis embora atribuam novos significados ao texto, essas memórias, apesar de prazerosas, são sofridas e dificultam o entendimento da história como um todo. Por isso, esquecer é mais fácil e dói menos, mesmo que tenham sido meus mais bem cometidos erros, e mesmo que isso impeça que eu me arrependa.