quarta-feira, 25 de maio de 2011

Querido Cérebro

Querido Cérebro,

Preciso lhe dizer algumas coisas que venho guardando em meu íntimo há algum tempo.
Não aguento mais essa sua incompreensão. Você vive me mandando ser menos bobo, ponderar melhor os prós e contras antes de fazer qualquer coisa, ser mais discreto, menos efusivo... Será que você não entende que sou, por definição, passional? Agir com os sentimentos é minha condição de existência.
Você vive reclamando do que faço, diz que tudo se desequilibra por minha culpa, desde as mãos que tremem até a balança cujo ponteiro sobe. Mas quer saber de uma coisa (não responda)? É muito melhor viver assim do que no seu ritmo entediantemente certinho, como uma máquina. Será que você não entende as vontades movidas unicamente pela beleza e pelo prazer? Será que você não entende que eu sou o seu eu-lírico?
Então, se você puder, deixe-me ser. Deixe-me ser mais vezes. Acredite em mim: você não quer viver num mundo limitado a racionalidades superficiais.

Grato      
Coração

[Inspiração creditada ao meu amiguíssimo Yuri aka Yureco da titia.]

terça-feira, 17 de maio de 2011

Ode aos Capacetes

Oh, belo capacete
que me protege o cocuruto,
Preciso lhe arranjar
melhor rima que "eunuco"

Pois estes versos são feitos
da mais pura gratidão
por ter mantido a integridade
do meu loiro cabeção.

Capacetes de qualidade
de todas as cores
de todas as formas
de todos os sabores

Seus méritos se estendem
pelas pistas de corrida,
por edifícios em construção
e pela Gruta Colorida.

Nossos encéfalos protegem
com amor maternal;
Sem vocês viveríamos
em estado vegetal.

[Acredito que isso exprima minimamente a gratidão de todos os que visitaram a Gruta Colorida com lindos capacetes coloridos :B ]

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Maldita Compreensão

A gente praticamente nasce aprendendo a suprimir nossos acessos de raiva, mas chega uma hora em que precisamos explodir, e não basta xingar ao vento; precisamos de alguém que escute tudo quase que em silêncio, alguém que não nos diga que poderia ser pior, alguém que não nos diga que nos entende. Precisamos que nos digam um simples "Se fodeu".
Não há nada mais irritante do que um amigo compreensivo nessas horas, tentando nos forçar a dizer algo positivo, enquanto tudo o que queremos é fazer uso de todo o nosso arsenal de palavrões. E nem  mesmo menininhas delicadinhas são exceção. Pelo menos não depois dos quinze anos. Ainda menos quando se usam diminutivos em referência a elas.
Pior ainda quando os seres compreensivos são nossos pais. Pais compreensivos são um obstáculo na execução do sistema operacional instalado em todo filho, que nos impele a contrariar nossos genitores e a nos rebelarmos contra eles. Na verdade, tal extensão de compreensibilidade tem de ser muito parcial, uma vez que, se nossos pais nos compreendessem integralmente, eles estariam cientes de nossa necessidade de rebelião e fingiriam que somos incompreensíveis. Felizmente, a compreensão integral parental nunca foi detectada, o que nos permite supor que seja inexistente. A detecção da compreensão integral significaria que estaríamos cientes da farsa na incompreensibilidade e da total compreensão legítima, o que nos levaria a um estado paradoxal extremo, com risco de morte por implosão cerebral. Outro problema na compreensão parental, parcial ou hipoteticamente integral, é que nossos pais nunca vão dizer "Se fodeu" para a gente. Salvas algumas raras exceções, claro.
É aconselhável, portanto, que, em momentos de alta frustração, se busque o amigo mais filho da puta disponível e seja mantida distância de pessoas potencialmente compreensivas. Em caso de indisponibilidade de amigos filhos da puta, assegure-se ao menos de que a pessoa de quem você pretende se acercar permaneça calada.