segunda-feira, 27 de junho de 2011

As Piores Declarações de Amor

  • "Você é perfeito/a."
-Então você não está olhando direito.
-Mas eu também gosto dos seus defeitos!
-Mentira. Até porque isso iria contra a definição de defeito.
1º Fato: Não existe pessoa alguma no mundo inteiro que lhe agrade em todos os aspectos.

  • "Vou amar você para sempre."
-Tá... Mas você vai amar o que eu sou hoje, então? Digo, espero que daqui a alguns anos eu tenha amadurecido um bocado, não serei o/a mesmo/a. E, como nem eu mesmo/a sei quem serei então, como você pode prometer amar o que não conhece? E então você continuaria a amar o que eu era, e não a pessoa em quem eu me tornaria... Ou seja, você amaria alguém que não existiria mais. É  isso mesmo?
-Não! Algo em você sempre permanecerá, certo? Todos  temos alguma essência que é imutável!
-Ahm... Tá. Só que você não tem como saber que parcela do que você chama de minha personalidade é a minha essência. Fora que você também pode - e provavelmente vai - mudar. Você pode mudar de gosto. E você não tem como saber do que vai gostar, se ainda vai gostar do que sou hoje ou se vai gostar do que serei no futuro. E também não tem como prometer que isso não vai acontecer.
2º Fato: Nós mudamos quando amadurecemos, bem como nossos amores.

  • "Eu preciso de você."
-Quer uma mão pra trocar a lâmpada?
-Não, quis dizer que não sei ser feliz sem sem você! *-*
-Cê tá de brinks. '-'
-Não... '-'
-Você está dizendo então que eu sou a única opção para você. É bem isso?
-É...
-Que, já que não há outra opção, não há uma escolha. É isso?
-Acho que é...
-Poxa, achava que você me amava. '-'
-E isso não quer dizer que eu te amo? o_o
-Não, né. Isso quer dizer que você só está comigo porque não tinha escolha.
3º Fato: Só se ama de verdade quando há escolha, quando se pode ser feliz apesar da ausência daquele ser amado, mas se escolhe ser feliz com ele e assim compartilhar e semear a felicidade.


Muitos vão olhar isso com desprezo e negar o que aqui foi dito. Em todo caso, deixo a declaração de amor mais sincera que posso fazer:
"Sabe, eu bem que poderia ser feliz sem você, mas não quero."

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O Dia em que me Sepultei

O luto me emudeceu quando morri. Tomada por auto-piedade, estava paralisada frente a meu túmulo selado recentemente. Aquele túmulo que abrigava, obrigava, abrigava meus últimos vestígios de inspiração e paixão, tudo o que em mim era música, todo o coro de minha miríade de vozes falecidas, toda a poesia, todo impulso. Pulso. Aquele meio corpo não pulsava mais, inerte. Em vez disso, no que sobrava de mim do lado de  fora pulsava o frio, por dentro e em volta. A cada arrepio a melancolia diminuía, e sobrava, cada vez mais só, a certeza de que serenidade era apenas um eufemismo para monotonia e tédio.