O luto me emudeceu quando morri. Tomada por auto-piedade, estava paralisada frente a meu túmulo selado recentemente. Aquele túmulo que abrigava, obrigava, abrigava meus últimos vestígios de inspiração e paixão, tudo o que em mim era música, todo o coro de minha miríade de vozes falecidas, toda a poesia, todo impulso. Pulso. Aquele meio corpo não pulsava mais, inerte. Em vez disso, no que sobrava de mim do lado de fora pulsava o frio, por dentro e em volta. A cada arrepio a melancolia diminuía, e sobrava, cada vez mais só, a certeza de que serenidade era apenas um eufemismo para monotonia e tédio.
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