segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

A Coisa Mais Bem Distribuída no Mundo

Ética é o conjunto de normas que regem a boa convivência numa sociedade. Havendo diversos tipos de sociedades, em tempos e espaços diferentes, o conjunto de valores éticos também varia ao longo do tempo e espaço. Ética e cultura se permeiam, e por isso muitas vezes é difícil isolar cada aspecto, de uma, de outra ou de ambas, para análises minunciosas, sendo mais preciso, portanto, a avaliação do conjunto.
O Brasil, um bom exemplo, dado o tamanho de seu território e os diferentes processos que marcaram sua formação cultural em cada região, não apresenta uma sociedade única, coesa, mas uma fragmentada em pequenos grupos sociais, cada um com suas culturas particulares e peculiaridades, apesar de formarem todos uma só nação.
"Bom senso é a coisa mais bem distribuída no mundo." Ninguém acha que precisa de um melhor ou pede por mais. Sendo assim, é um despropósito tomar por universal a opinião de  um brasileiro, cuja formação foi limitada pelo tempo e pelo espaço nos valores éticos que não se aplicam por todo o país, sobre a posição dos demais brasileiros frente aos princípios e culturas da nação que constroem.
Isso, porém, não quer dizer que seja correto isentar-se das responsabilidades de avaliar a retidão da nação e de trabalhar para seu progresso, mas, sim, que é preciso ter humildade e reconhecer que nenhuma opinião ou valor é universal.

sábado, 8 de janeiro de 2011

Turbulência Oculta


Já me disseram que sou fria. Na verdade, me disseram que meus olhos são frios. Na verdade mesmo, que meus olhos são frios e, ao mesmo tempo, bons. Acho curiosos os fatos de isso ter ficado na minha cabeça por tanto tempo e de eu sempre dar tanta importância à visão que os outros têm de mim. Acontece que, até ontem, acreditava nunca ser capaz de avaliar meu próprio caráter com a mesma precisão de quem me observa por fora, sem saber meus poucos segredos, analisando puramente as ações.
Curioso foi meu receio entre acreditar ou não nessa análise em particular. Mesmo quando não gostamos do que ouvimos, se formos sinceros conosco, somos capazes de discernir aquilo em que acreditar daquilo a ser desacreditado. Dessa vez não fui capaz.
Dessa vez percebi que mal sei quem sou e que, do pouco que acredito de ser, não sei o quanto sou por minha criação e o quanto sou por minha culpa e meu mérito. Percebi que, embora até então eu supusesse que esse fosse o normal, vivo numa eterna supressão do que julgo ser meu lado ruim, enquanto na verdade mesmo estou suprimindo junto o melhor de mim.
E a batalha de exorcisar meus próprios demônios, sozinha graças à vergonha de pedir ajuda, é muito dolorosa. É difícil não me tornar fugitiva de mim mesma, sem refúgio, ainda mais quando já fujo de tantas outras coisas, sendo a maior delas, a mais gritante, a mais inegável verdade.
E a máscara de calma, inteligência e sabedoria que ainda visto vai ficando cada vez mais fina, frágil. Dessa vez não quero reconstruí-la. Quero ver se há algo que possa reconhecer no que sobrou do rosto sob ela.

Tim Michin - Rock n' Roll Nerd

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Momento de Gratidão

Não é maravilhoso existir? Não é extraordinário ser uma mente pensante [o que não é redundante, se você pensar bem] em meio ao caos, à força e à fragilidade da vida? Ter nascido, dentre todas as espécies, humano.
Não é incrível a independência funcional dos organismos, a mobilidade do corpo, a transcendência da mente?
Não é bom ter um prato de comida quando dá fome, um teto sobre a cabeça quando chove, ter agasalho quando faz frio?
Não é um alívio ter onde e em quem se abrigar quando se sente vulnerável, quem não nos deixe conhecer a solidão mesmo quando pedimos que nos privem de companhia? Não é comovente ter quem amar?
Não é maravilhoso existir e poder agradecer por não sermos os únicos, sem deixarmos de sermos únicos em nossa individualidade?

domingo, 2 de janeiro de 2011

Novo Começo

[Tá um pouco atrasado pra um post de Ano Novo, mas vamos lá...]
Uma vez eu ouvi dizer que o dia do ano em que mais pessoas começam uma dieta é o 1º de janeiro. Acho engraçado. Também acho engraçado que as pessoas vistam cores específicas na noite de passagem de ano de acordo com o que desejam para o ano seguinte, geralmente branco, esperando assim atrair paz. Isso, porém, não significa que eu mesma seja uma exclusão ao caso do branco, nem ao caso da dieta. [Riam]
Acontece que, por algum motivo, nós, pessoas humanas, gostamos da idéia do começo, como se isso em especial nos desse a oportunidade de deixarmos de ser quem vínhamos sendo, quase como se nos eximíssemos da responsabilidade por tudo o que fizemos até a véspera.
Vivemos fazendo isso de procurar um novo começo: em inícios de anos letivos, aniversários, depois do carnaval [Afinal, para o brasileiro o ano só começa depois do carnaval.] ou mesmo na Páscoa, para os cristãos.
É importante que percebamos que apenas o que difere esses dias dos tantos outros dias do ano é o significado que atribuímos a eles, seja por religião ou qualquer tipo de conveniência. Isso quer dizer que qualquer dia do ano é uma oportunidade de mudarmos o modo como agimos, pensamos e sentimos, e assim mudarmos quem somos, não que algo disso seja fácil, e lembrando aqui que tudo o que cultivamos em nosso ímtimo se multiplica.
Sendo assim, desejo a você um ano cheio de paz, prosperidade, esperança, luz e, principalmente, amor. Não porque estamos em algum início, mas porque essas coisas por si só são boas. Principalmente o amor; as outras são consequência.