O ar esvaziou os pulmões ao final do mais profundo suspiro, enquanto uma lágrima solitária rolou dos olhos para os cílios e deles pelo rosto abaixo, até as lábios.
O doce sabor de melancolia se espalhou pela boca e invadiram-lhe o pensamento as lembranças, agora já vagas, daqueles momentos que, embora muito profundos, passaram rápidos como um albatroz, lançando impiedosamente uma sombra por sobre qualquer outro pensamento, aprisionando-a como uma escrava de suas memórias. Não se sentia triste, muito menos feliz. Agora percebia mais claramente do que nunca que em sua existência sempre haveria uma lacuna, e a decisão de preenchê-la ou não implicava o mais agoniante dos paradoxos. Qualquer idéia seria inútil, qualquer fantasia seria inviável. Qualquer vislumbre de consciência seria efêmero. Ela se deliciava nesse vício, e a dúvida de se de fato o queria passava menosprezada.
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